última página de 2024
31.12.24
a noite desce sobre o último dia, e as estrelas, como testemunhas do tempo, cintilam em um céu que já viu muitas despedidas. hoje, eu olho para o horizonte com gratidão.
há algo especial no último dia do ano, como se o mundo me convidasse a dar uma pausa, um respiro profundo antes de recomeçar. sentada aqui, com uma xícara de chá e minhas memórias, percebo o quanto mudei. este é o meu presente para mim mesma: a chance de recomeçar e reaprender sempre que esqueço. é bom estar de volta.
as luzes externas das passeatas iluminam a tarde nublada lá fora. chapéus e sobretudos balançam ao movimento do vento. o mosaico que vejo através da janela é o mais íntegro que posso vizualizar. de forma contínua, as peças de onde dançam os sapatos que passam se dispõe sem interrupções e de maneira uniforme. por alguns segundos permaneci vidrada em seu aspecto visual, uma arte coesa e sólida, racionalmente pensada e planejada.
fim de ano. este é o momento em que toda a história aconteceu. tudo está contida nele. no presente, nada fica de fora. o que mais vemos mundo afora são os corações alienados dizendo que devemos viver o presente. mas será que vivemos mesmo? como podemos saber disso? é muito difícil acertar na primeira tentativa. aonde realmente estamos agora, neste instante? falamos indiretamente sobre tudo do presente mas nos voltamos inconscientemente para um passado ou para um futuro mais adiante.
é fim de ano.
pensamos no que já passou. desejamos o que está por vir. e a essência do dia? estamos empurrando-a com a sensação de nostalgia. não é algo que faça parte do presente. então agora, eu desejo congelar o momento e aguçar o olhar. a areia da ampulheta escorre com pressa mas eu tento desacelerar.
me deparo com esse tipo de situação o tempo inteiro. eu devo estar a aqui, com a missão de escrever mais um texto que me faça refletir sobre realidades escritas de maneira poética e melancólica. essa é a essência e estou pessoalmente inspirada pela magia do fim de ano. tentamos viver no presente, acabamos fugindo dele. é justamente esse o ímpeto do escritor. a tentação de voltar ao devaneio.
é fim de ano.
que os tempos nos permitam. que possamos usar nossos devaneios para repensar sobre nós.
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